A Diferença entre a Maioridade Civil e a Maioridade Alimentar

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Angelo Mestriner
Direito das Famílias / Pensão Alimentícia
Última atualização: 23 jan. 2024
Escrito por:

Introdução

A transição da infância para a vida adulta é marcada por diversas mudanças legais e sociais, entre as quais a maioridade ocupa um papel central.

No Brasil, a maioridade é reconhecida sob duas perspectivas distintas, mas igualmente importantes: a maioridade civil e a maioridade alimentar, cada qual com implicações diferentes na vida jurídica de um indivíduo.

A maioridade civil, alcançada aos 18 anos, é amplamente reconhecida como o momento em que uma pessoa adquire plena capacidade para os atos da vida civil, como assinar contratos e ser totalmente responsável por suas ações perante a lei.

Por outro lado, a maioridade alimentar, embora menos discutida, tem um papel crucial no contexto das obrigações familiares, em particular no que tange ao direito de pensão alimentícia.

Para pais, filhos, e profissionais do direito, a distinção entre a maioridade civil e alimentar revela aspectos significativos sobre como a lei interpreta a responsabilidade e a independência financeira dos indivíduos.

Portanto, compreender as nuances entre essas duas formas de maioridade não é apenas uma questão legal, mas também uma importante consideração social e familiar.

Neste artigo, será explorado em detalhe o que cada uma dessas maioridades representa, suas implicações legais e as consequências práticas na vida de indivíduos e famílias.

Este conhecimento é vital para todos que buscam entender seus direitos e obrigações no âmbito do direito de família, especialmente em situações envolvendo a pensão alimentícia.

Maioridade Civil: Definição e Implicações no Direito Brasileiro

A maioridade civil, conforme estabelecida pelo Código Civil Brasileiro, é alcançada aos 18 anos. Ao atingir esta idade, o indivíduo é considerado plenamente capaz de exercer todos os atos da vida civil sem a necessidade de representação ou assistência.

Isso inclui o direito de votar, casar-se sem consentimento dos pais, assinar contratos, ser responsável por obrigações legais, administrar seus próprios bens e finanças, por exemplo.

Além disso, a partir dos 18 anos, uma pessoa pode ser responsabilizada civil e criminalmente por suas ações sem as limitações aplicadas a menores de idade. No entanto, vale ressaltar que, em determinadas circunstâncias, como incapacidade mental comprovada, a plena capacidade civil pode ser mitigada mesmo após a maioridade, ha hipótese de interdição.

Em suma, a conquista da maioridade civil marca, portanto, um ponto de inflexão significativo, onde o Estado reconhece a pessoa como um adulto completo aos olhos da lei.

Maioridade Alimentar: Uma Perspectiva Diferenciada

Enquanto a maioridade civil é um conceito claro e bem definido, a maioridade alimentar assume um caráter mais complexo.

Não existe um termo "maioridade alimentar" formalmente estabelecido na legislação brasileira, mas o conceito surge na prática do direito de família, especialmente em casos de pensão alimentícia.

Em geral, presume-se que ao atingir a maioridade civil, o jovem adulto adquire a capacidade de prover seu próprio sustento, o que poderia levar à crença de que a obrigação de pagar pensão alimentícia termina automaticamente aos 18 anos. No entanto, a realidade jurídica é mais matizada.

Os tribunais brasileiros frequentemente consideram que a obrigação de sustento pode se estender para além da maioridade civil, especialmente em situações onde o filho ainda está cursando ensino superior ou enfrenta circunstâncias que justificam a continuação do apoio financeiro.

Exemplo de jurisprudência sobre o tema:

(...) O dever dos genitores de prestar alimentos aos filhos menores existe em decorrência do exercício do poder familiar que cessa com a maioridade, por conseguinte, a obrigação dos pais ao pagamento da pensão alimentícia aos filhos que possuem plenas condições de proverem o próprio sustento pelo trabalho - Com a maioridade a obrigação de pagar alimentos passa a existir em virtude da relação de parentesco, impondo-se nessa condição, a comprovação da real necessidade de percebê-la, sob pena de servir como prêmio à ociosidade - Após atingir a maioridade a necessidade de recebimento de pensão pelo alimentado persiste se comprovado nos autos a frequência em curso superior e ainda que aufira alguma renda esse valor for considerado insuficiente para a sua subsistência - Não é possível reconhecer eventual ausência de necessidade da alimentado e deferir o pedido de exoneração de alimentos com base no recebimento de valores que nada mais são que parcelas alimentares vencidas e não pagas no momento oportuno. Reconhecer o referido direito seria fomentar o inadimplemento - Evidenciado nos autos que o encerramento do curso superior encontra-se próximo, impõe-se a fixação de termo final para o recebimento de pensão alimentícia diante da perda da necessidade. (TJ-MG - AI: 10000212070718001 MG, Relator: Ângela de Lourdes Rodrigues, Data de Julgamento: 17/03/2022, Câmaras Especializadas Cíveis / 8ª Câmara Cível Especializada, Data de Publicação: 24/03/2022)

Este entendimento reflete uma visão de que a capacidade de autossustento não é simplesmente uma questão de idade, mas também de condição socioeconômica e oportunidades educacionais.

Assim, a análise da necessidade de pensão alimentícia após a maioridade civil torna-se um assunto delicado e intrinsecamente ligado às circunstâncias individuais de cada caso.

Exemplos Práticos:

Um jovem de 19 anos, estudante universitário, sem renda própria, ainda depende do suporte financeiro dos pais. Neste caso, a pensão alimentícia geralmente é mantida, pois a maioridade civil não elimina a dependência econômica.

Por outro lado, se o filho maior de idade é estudante universário, mas possui emprego estável e meios para se sustentar, a obrigação de pensão alimentícia pode ser revista ou encerrada.

Dinâmica da Pensão Alimentícia Após a Maioridade

A maioridade civil não elimina automaticamente o direito à pensão alimentícia. A continuidade da pensão depende de fatores como a necessidade do alimentando e sua capacidade de autossustento e, de outro lado, a capacidade financeira do genitor.

No entanto, ao atingir a maioridade civil, a dinâmica da pensão alimentícia sofre uma mudança significativa.

Diferentemente da pensão destinada a crianças, onde a necessidade de suporte financeiro é presumida, a pensão alimentícia para um indivíduo adulto depende da comprovação explícita da necessidade de continuar recebendo esse apoio.

Portanto, quando um filho alcança a maioridade civil, torna-se sua responsabilidade demonstrar a continuidade da necessidade de apoio financeiro.

Além disso, é crucial entender que a exoneração da pensão alimentícia não é automática com a maioridade civil. O genitor que deseja cessar a pensão deve ajuizar uma ação judicial para a exoneração.

Na ausência de uma decisão judicial que exonere a obrigação alimentar, o alimentante que deixar de pagar a pensão alimentícia pode acumular dívidas e enfrentar consequências legais. Em outras palavras: a exoneração deve sempre ser formalizada através de um processo judicial.

Conselhos Legais:

Para Quem Busca Pensão Alimentícia: É importante compreender que a maioridade civil não encerra automaticamente o direito à pensão. Se ainda houver necessidade e dependência financeira, especialmente no caso de estudos em andamento, a pensão pode ser mantida.

Para Quem Deseja se Defender de uma Ação de Pensão Alimentícia: Para pais que pagam pensão, é vital estar ciente de que a maioridade civil do filho não é um critério absoluto para cessar a pensão. A exoneração ou revisão da pensão deve ser baseada em mudanças concretas na capacidade financeira do genitor e nas necessidades do filho.

Conclusão:

A distinção entre maioridade civil e maioridade alimentar é crucial no contexto da pensão alimentícia.

Enquanto a maioridade civil é um marco legal claro, a maioridade alimentar lida com nuances mais subjetivas e contextuais.

Esta diferença é particularmente evidente quando consideramos o impacto de cada uma no direito à pensão alimentícia.

Estas questões, muitas vezes complexas, destacam a importância de consultar um advogado especializado para obter orientação jurídica precisa e personalizada.

Se você tem dúvidas ou enfrenta situações relacionadas à pensão alimentícia, seja buscando ou se defendendo de uma ação, a consulta com um profissional é essencial para assegurar que seus direitos e obrigações sejam adequadamente entendidos e respeitados.


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